Você percebe algo errado no funcionamento do seu carro, como um ruído diferente no motor, um novo rangido nas suspensões ou então precisa consertar um amassado na carroceria, causado por aquela coluna que desafia sua atenção a cada manhã sonolenta na garagem. Chegou a hora de levar o carro à oficina, mas nem por isso vale entrar na primeira que aparece.
Ouvimos especialistas que ensinam as principais dicas para a escolha da oficina. Algumas partem do bom senso e de uma olhada no ambiente. Outras têm a ver com o tipo de conserto e o quanto essa oficina estará preparada ou não para fazer o serviço.
1) Limpeza e organização
O fato de lidar com óleo e graxa não isenta a oficina de manter o ambiente limpo e arrumado, como recorda Antônio Fiola, presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sindirepa). “Alguns critérios dessa decisão são semelhantes àqueles que usamos para escolher um restaurante”, recorda o executivo.
Essa limpeza e organização também pode ser notada pelo cuidado com os macacões, afirma Wellyson Reis, gerente de comunicação do Grupo Oficina Brasil: “Uma oficina que deseja transmitir credibilidade não pode ignorar o potencial dos uniformes para a construção de uma imagem de seriedade, confiança e comprometimento”.
Reis lembra ainda que o trabalho em oficina produz bastante sujeira e é fundamental ter esse cuidado. É por isso que cada vez mais estabelecimentos adotam pisos cobertos com uma camada grossa de tinta epóxi, que ajuda a manter boa aparência e limpeza.
2) Indicação de pessoas próximas
Pedir sugestões para parentes ou amigos é válido nesse momento. Grupos de Whatsapp do bairro ou condomínio sempre têm contatos das oficinas da área e muitas vezes dizem também onde não levar o carro por conta de alguma experiência ruim. Wellyson Reis também orienta a pesquisar sobre a oficina e conversar com alguém da equipe interna antes de deixar o carro. Ao pedir indicações num grupo, também se pode detalhar a demanda, ou seja, dizer que tipo de reparo o carro precisa. É o que se vê na dica a seguir.
3) Oficinas especializadas
Uma forma de obter bons preço e qualidade é buscar oficinas especializadas sempre que for possível identificar o problema, como ao trocar um pneu ou fazer alinhamento e balanceamento ao perceber o volante puxando para um lado ou vibrando. Por lidar basicamente com pneus e componentes de suspensão, essas oficinas conseguem realizar o serviço em menos tempo e com preços competitivos.
“Existem também aquelas dedicadas a motor e injeção eletrônica, câmbio, direção hidráulica e ar-condicionado”, recorda o presidente do Sindirepa. Essa especialização pode ser também por nacionalidade, como as oficinas dedicadas a montadoras de origem alemã (como BMW e Mercedes-Benz) ou francesa (Peugeot e Renault).
4) Diplomas e certificados
Treinamento é essencial na capacitação dos mecânicos, até mesmo porque eles lidam com componentes ligados à segurança. Diplomas são um bom sinal e outras certificações também, entre elas a emitida pelo Instituto da Qualidade Automotiva (IQA). A partir de uma avaliação de mais de 130 itens, que vão da área de atendimento à gestão financeira, passando por gestão ambiental, o IQA emite um certificado acreditado pelo Inmetro. Embora não seja obrigatório, ele indica que a oficina adota bons processos.
5) Bons equipamentos
Já se foi o tempo em que a troca de velas, filtros e o ajuste do ponto de ignição resolviam metade dos problemas de um carro. As oficinas atuais precisam de bons scanners, equipamentos de diagnose capazes de encontrar de bate-pronto a origem de uma pane ou mau funcionamento. A quantidade de elevadores também pode determinar a rapidez do serviço: seu carro não terá de esperar a saída de outros até ser erguido e reparado.
Antônio Fiola afirma ainda que a cabine de pintura é essencial para os processos atuais de reparo, bem como equipamentos de solda modernos. “O método convencional [de oxiacetileno] tende a comprometer as chapas de aço”, diz.
6) Atendimento
A cordialidade pode dizer muito sobre o que ocorrerá com seu carro deixado na oficina. “É importante quando um profissional dá a devida atenção ao cliente, informa sobre prazos e valores”, recorda Fiola.
7) Ambientes separados
É desejável que uma oficina de serviços gerais tenha separação entre as seções de mecânica, funilaria, pintura, recepção e algum espaço para circulação. Até mesmo para evitar que o carro entre com um problema no motor e volte com um reparo na carroceria.
“Essa separação é desejável e necessária, até porque a presença de graxa e óleo pode comprometer a qualidade de outros trabalhos. Isso faz parte de um critério de organização e qualidade”, lembra Fiola.
8) Serviço de entrega
Receber o carro de volta em casa ou no trabalho pode ser uma vantagem. Para alguns consumidores, ela é essencial. De acordo com Wellyson Reis, do Grupo Oficina Brasil, esse serviço teve crescimento durante a pandemia de Covid-19.
Fique de olho
É importante pedir um orçamento detalhado com preços de peças e mão de obra. Saiba que é comum surgirem problemas além daqueles previstos no orçamento. Procure ouvir o que a oficina tem a dizer e tente negociar novos prazos e valores.
De acordo com o IQA, todas as oficinas (mecânicas ou de funilaria e pintura) necessitam do alvará de funcionamento (expedido pela prefeitura local), alvará de bombeiro ou AVCB, que é o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros local, mais licença ambiental em alguns casos. Ainda de acordo com o IQA, algumas prefeituras atrelam os três alvarás em um único como forma de facilitar a solicitação do empresário.
Existe ainda uma lei, de número 15297/14, que regulamenta as oficinas do Estado de São Paulo, por exemplo. Ela exige capacitação comprovada de um profissional responsável pelo estabelecimento.