fbpx

Como se proteger do bloqueador de sinal usado para roubar carros e cargas

Roubos e furtos de carros estão cada vez mais sofisticados. Autoesporte já falou sobre golpes envolvendo o uso do ‘chapolin’ (um bloqueador de sinal que impede o fechamento da porta) e dos transmissores (usados para clonar a chave do veículo). Mas, além destes recursos, os criminosos também utilizam um aparelho chamado ‘jammer’, que no Brasil ficou conhecido como ‘capetinha’. Vamos explicar como funciona e como se proteger deste crime.

O jammer é um bloqueador de sinal usado para burlar rastreadores instalados nos veículos e dificultar o trabalho das autoridades. Na prática, o aparelho cria um sinal de banda-larga com o objetivo de inibir frequências de celulares, GPS e drones. Alguns aparelhos chegam a ter 16 antenas — uma para cada tipo de sinal.

Não à toa, os jammers são usados nos presídios de todo o Brasil. Este é o motivo dos smartphones falharem próximos às casas de detenção, como elabora Rodrigo Boutti, diretor de operações da SAT Company e especialista em segurança pública.

Como funciona?

Jammer facilita roubos e furtos de carros no Brasil — Foto: Divulgação

O especialista afirma que os capetinhas não são usados durante roubos de carros e motos, mas sim nas fugas, para despistar os rastreadores. Assim, os veículos se tornam praticamente irrastreáveis até chegarem ao destino final, onde normalmente serão desmontados e terão as peças vendidas no mercado paralelo.

“Os criminosos pensam em tudo. Ao roubar o carro ou moto, acionam um jammer portátil para ocultar sua pegada no GPS e atrapalhar o rastreamento. Ao chegar na oficina clandestina em que o veículo será desmontado, outros jammers instalados no próprio local entram em ação”, afirma.

Assim, os bandidos garantem que o sinal de GPS emitido pelo rastreador não será captado, mesmo enquanto o veículo é desmontado. Por isso os desmanches ilegais precisam ficar em regiões inóspitas, pois os jammers podem interferir nos sinais dos vizinhos e levantar suspeitas.

As etapas do crime

O chamado ‘capetinha’, ou jammer, funciona da seguinte forma:

  • Recebimento do sinal: o jammer recebe o sinal de comunicação sem fio do rastreador;
  • Amplificação do sinal: o sinal é amplificado para atingir uma potência adequada;
  • Geração de interferência: o jammer cria um sinal de interferência que é emitido na mesma frequência do sinal original;
  • Bloqueio do sinal: a interferência gerada pelo jammer sobrepõe-se ao sinal original para bloqueá-lo.

Uso em roubos de carga

Jammers são muito usados em roubos de caminhões nas rodovias — Foto: NTC & Logística
Jammers são muito usados em roubos de caminhões nas rodovias — Foto: NTC & Logística

Ainda que o roubo de automóveis seja um dos objetivos principais das quadrilhas, os jammers também são populares em ações envolvendo roubos de carga. Segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (SETCESP), o aparelho está presente em 90% das ações contra caminhoneiros.

Logo, o jammer é um dos principais alvos das operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas estradas. Quadrilhas que utilizam o aparelho também portam armas, documentos falsos e comunicadores walkie-talkie.

+ Quer receber as principais notícias do setor automotivo pelo seu WhatsApp? Clique aqui e participe do Canal da Autoesporte.

“As emboscadas aos caminhoneiros acontecem de diversas formas. Eles podem ser abordados em movimento ou enquanto descansam em um posto à beira da estrada”, elabora o especialista. “Dificilmente as quadrilhas tiram o caminhão de sua rota, pois mesmo com o jammer ativo, ainda podem levantar suspeitas”.

Outro fenômeno que tem sido notado pelas autoridades é o roubo tanto da carga quanto do próprio caminhão. “Antigamente, quando acontecia um roubo de carga, logo encontrávamos o caminhão. Hoje as quadrilhas fazem parcerias e agem juntas. Uma fica com o carregamento e outra com as peças do veículo”, explica Boutti.

Como mitigar o efeito dos jammers

Antenas de jammers apreendidas pela Polícia Militar em São Paulo — Foto: Reprodução/Polícia Militar de São Paulo
Antenas de jammers apreendidas pela Polícia Militar em São Paulo — Foto: Reprodução/Polícia Militar de São Paulo

Com a evolução das artimanhas dos bandidos, empresas de rastreadores buscam formas de mitigar os efeitos dos jammers. Uma delas é a utilização da frequência LoRa, como explica Rodrigo Boutti:

“A tecnologia LoRa opera em faixas de frequências não licenciadas. Geralmente, essas faixas têm menos congestionamento e interferência. Isso contribui para uma melhor resistência aos jammers. Isso porque essa tecnologia usa uma largura de banda relativamente ampla em comparação com outras tecnologias de comunicação sem fio, tornando-a mais difícil de ser bloqueada pelo jammer”, pontua Boutti.

Os aparelhos com frequência LoRa já estão disponíveis nas principais empresas de rastreamento por assinaturas que partem de R$ 59, mais o custo de instalação (em alguns casos, pode ser gratuita). Certos tipos de rastreadores permitem localizar o carro pelo GPS do celular e até enviam notificações sempre que o motor é acionado.

O preço do rastreador pode variar bastante de acordo com a empresa e os serviços oferecidos. É normal que reboque, socorro mecânico, chaveiro e troca de pneu estejam inclusos nas assinaturas.

[AutoEsporte]